Rubenildo Metal: A marcha à ré da maconha

A marcha à ré da maconha

(Última parte da série “Maconha, a droga que engana”)
Alberto David


Apesar de ter aumentado o rigor da punição, a nova lei que se refere às drogas no Brasil (lei n° 1.143), ainda não foi capaz de inibir atos como fumar, plantar ou portar maconha. Pela reforma na lei, segundo o artigo 33, o indivíduo que for responsável por “induzir, instigar, ou auxiliar alguém ao uso indevido de droga, pode pegar até três anos de detenção”. Trocando em miúdos, alguém que passe um cigarro de maconha a um amigo ou até mesmo a um irmão está sujeito a ser preso.

O abrandamento (artigo 28), ou o fim da pena de encarceramento, é apenas para quem só consome a droga. O usuário é conduzido à delegacia, conseqüentemente um processo é aberto e, ao ser condenado, passa a cumprir penas alternativas. A meu ver, não fica atrás do encarceramento, pois são punições de caráter moral. Portanto, não há como os “marcheiros” (defensores da maconha) comemorarem vitória.

Desculpe-me o desabafo, mas acho uma burrice de todo tamanho usar drogas. O conceituado autor do livro “Ano 68 – o que fizemos de nós?” diz o seguinte sobre as drogas: “havia aquela ilusão ingênua de que elas tinham vindo para expandir a consciência e aumentar a sua percepção do mundo. Nada disso aconteceu, ao contrário, as drogas hoje são instrumentos de morte”. Ele acrescenta num outro tom: “Descobri que não há nada como um pilequinho de chope ou de vinho”.

A criminalização das drogas teve um reforço importante, no final dos anos 60, do governo Nixon. O método Nixon, como ficou conhecido, foi um método na base do enfrentamento. Mas não impediu o consumo de drogas, muito pelo contrário, armou a criminalidade. Sem ser pretensioso, diria que projeto para o combate às droga deve ter como item básico a informação- óbvio, que eu não sou o primeiro a pensar assim, apenas enfatizo a idéia. Digo mais: usar droga é não usar o mínimo da inteligência.

A maconha saiu dos morros para bichar em outros cantos, a exemplo do esporte. Um estranho paradoxo. São casos e mais casos, registrados em revistas e jornais, a exemplo do caso de Edinho, atleta do Santos F. C. (pedimos licença à majestade), filho do rei Pelé, que, em depoimento às autoridades policiais, admitiu ser viciado em maconha. O rei chorou. Aliás, qualquer pai choraria. É muito doloroso e triste. É certo que a má estrutura familiar favorece aos jovens ir por esses atalhos, que não se refere ao caso acima citado. Longe disso. Muitos outros jovens recorrem à droga, às vezes, para atingir a família ou os próprios pais. Abro agora um parêntese. (Há poucos instantes, ainda quando arranhava essas linhas, deparei-me com um depoimento de um pai, pela TV, lamentando: “eu já esperava por isso, pois filho não ouve pai. Não escuta. Eu falei diversas vezes. Quem é o pai que quer isso, vê seu filho, assim, assassinado e jogado no lixo”. O filho desse senhor tinha só 17 anos, e o seu corpo estava ali, estendido na rua entre os escombros e o lixo). Relatei aqui um exemplo de um assassinato de mais um jovem envolvido com droga. Por se pensar que a maconha é uma droga menos ofensiva é que levou o bom moço, goleiro do Santos, às más companhias e ao vício.

Dentre uma infinidade de casos, no futebol, específicos com maconha e outras drogas, reportados pela imprensa do país, com destaque para o caderno de esporte, do jornal A Tarde de 30/04/2008, que traz uma lista enorme de jogadores que se deixaram influenciar pelas drogas, o qual relaciona: Reinaldo, maior ídolo do Atlético Mineiro, que deixou os gramados precocemente, hoje liberto das drogas; Dinei, campeão brasileiro pelo Corinthians, também recuperado; Casa Grande, passando por um tratamento de dependência de droga, em uma clínica em São Paulo; Renato Silva, do Fluminense, e Pitibu, quando jogava no Bahia, estes pegos com maconha, dentre outros. É a “drogadição” que, segundo os psicólogos do esporte, é uma falta de preparo ou, às vezes, ele já possui aqueles problemas, os quais são evidenciados quando estão em baixa. Também, na arena das lutas livres, os exemplos estão por aí. É o caso do Belo Ryan. Ryan Gracie. Um jovem destemido e promissor. Um campeão. E um fim trágico. A droga é dissimulada e atinge qualquer um e, às vezes, derruba um campeão. Também acontece nas quadras e academias, claro, não generalizando.

A “drogadição” destrói os indivíduos e a família.
Talvez, em alguma fase importante de suas vidas, carreguem dentro de si alguma inquietação, ou uma dor intensa, ou uma indisposição para amar a vida, como ela é.
Voltando ao foco. O dependente de maconha tem auto-estima baixa e auto-estima em seu seio familiar. O consumo de drogas embota os sentimentos, expressão certeira, li em algum lugar. Eles mentem e enganam o tempo todo. Os usuários precisam aceitar que são dependentes e que, no caso, a maconha é uma droga como outra qualquer. E se não querem pensar assim, acautelem-se, pois essa substância é uma ponte para outras drogas, ditas mais pesadas.
Disciplina, concentração e força de vontade para vencer. Basta querer. E outras dicas: deixar de freqüentar lugares que possam incentivar o consumo e se desfazer da teia de amigos que podem levá-los a fumar novamente e, também, não rever os amigos consumidores da droga. Muito pelo contrário, é preciso estar longe do meio que propicia o contato com ela, aí o dependente tem chances de ser curado. Há outras dicas, segundo o médico psiquiatra Cirilo Tissot da Clínica de Reabilitação Greewood, da grande São Paulo, em depoimento à Revista Veja.

Segundo as estatísticas, 80% dos que consomem maconha param com o vício, ao completarem 28 anos, porque passam a ter outros interesses, entre os quais a responsabilidade e interesse pela vida. Passando dessa fase, a coisa fica feia... Vai uma reflexão: “errar é humano e perseverar no erro é diabólico”. A internação involuntária é permitida também por uma lei federal, de n° 10.216, que autoriza essa internação psiquiátrica, mas o melhor remédio é a convicção, a consciência e atitude.
O usuário precisa entender que ele possui problemas e não consegue dar conta disso sozinho. Se a família apóia, as chances de recuperação são maiores. Muitas vezes, é necessário que a família também se trate. Por último, a recuperação depende das atividades do paciente, do trabalho, do estudo. Enquanto ele estiver ocupado, a chance de recuperação é maior, sugere psiquiatra tissot e dono da clinica acima citada, uma das mais importantes do pais.
Não adianta se enganarem e hastear bandeiras e bandeirolas e marchar pelas ruas e avenidas da cidade, como ocorreu recentemente em nosso país e o resto do mundo. Na verdade o que se viu foi uma marcha à ré na história da humanidade. Onde já se viu invocar a santa liberdade de expressão com o intuito de instigar e induzir o uso de drogas? E, ainda mais, colaborar, mesmo que indiretamente, com o tráfico delas? Como nos tempos da Jovem Guarda, eu diria “sem essa bicho”.

Os paladinos da maconha deveriam aproveitar o seu tempo com grandes exemplos para a humanidade, tais como uma Tereza de Calcutá, um Albert Sabin, ou mesmo, o rei dos Reis, Jesus. E não um Marley, que se apegou à maconha, passando uma falsa mensagem de luta pela paz e libertação dos negros, utilizando como instrumento as canções.

Que surjam novas marchas, mas que sejam significativas para o progresso humano. Ou, pelo menos, ao se servirem da fama de um Bob Marley, que sejam para inspirar marchas mais nobres, a exemplo da ex-atriz Brigite Bardot, que marcha em prol dos animais. Aqui não é a Jamaica (com todo respeito a esse país), porém, infelizmente, parte de nós não tem o que fazer, e, talvez, muito menos o que pensar.

A marcha da maconha acontece anualmente, desde 1994, desta vez aconteceu em 235 cidades dos cinco continentes. Sendo delas, 13 cidades brasileiras “contempladas”.
A marcha da maconha foi um fiasco no mundo inteiro. Aliás, a tendência desse movimento é de desaparecer da face da terra.

“Ela já nasceu queimada antes de nascer”, disse, muito bem, um repórter do Jornal A tarde, e eu acrescento: a marcha da maconha virou fumaça. É preciso acabar com idolatrias.
Maconha é droga que engana.